Pré-História Americana: Período Paleolítico

terça-feira, 24 de novembro de 2009


  A pintura rupestre da “Caverna das Mãos”: uma manifestação do homem paleolítico na Patagônia.

O processo de ocupação do continente americano aconteceu a milhares de anos atrás. Apesar do consenso existente com respeito a essa informação, não existe uma data exata reconhecida por todos os especialistas da área. Se de um lado temos estudiosos que trabalham com a datação de 60 mil anos atrás, outros preferem trabalhar com a hipótese de que os primeiros homens americanos teriam surgido há 12 mil anos. Em meio a tantos vestígios diferentes, a exatidão é praticamente uma tarefa impossível.

Contudo, sabemos que a história do homem nas Américas começa no período Paleolítico Inferior, época que tem suas informações fundamentais restritas à análise de um conjunto específico de vestígios. Em geral, o homem americano trabalhava com instrumentos produzidos em pedra talhada. Além de utilizarem pedras talhadas com uma ou duas faces, os grupos dessa época também construíam objetos com ossos de bisões, camelídeos, mastodontes e mamutes.

Na passagem do Paleolítico Inferior para o Paleolítico Superior, há 17 mil anos, a caça se transformou em uma prática mais comum entre os grupos humanos. A prova material dessa mudança pode ser atestada na aparição de pontas de flecha, facas e outros instrumentos pontiagudos utilizados no abatimento e no corte da carne animal. Vale destacar que a caça provocou uma ampliação do cardápio dessas populações e a adoção das peles como vestimenta.

Na Patagônia, porções sul do território argentino, foram encontradas pinturas rupestres, restos de fogueira e pontas de lança que evidenciam a chegada do homem a essa região há mais ou menos 11.500 anos. Além da caça, os povos dessa região também se sustentavam através da coleta de frutos do mar e da pesca de peixes. Assim como no litoral brasileiro, a Patagônia é marcada pela existência de depósitos calcários também conhecidos como sambaquis.

Em Monte Verde, no Chile, temos um rico sítio arqueológico onde especialistas encontraram restos de madeira, plantas medicinais, ferramentas e pegadas humanas. O alto número de vestígios dessa localidade é explicado pela formação das turfas, material orgânico fossilizado capaz de preservar os vestígios pré-históricos encontrados na região. Segundo apontam as estimativas, os fósseis de Monte Verde teriam entre 13.500 e 11.800 anos de idade.

Autor: Raine Sousa

Fonte: BrasilEscola.Com

A Espécie Humana Quase Desapareceu

domingo, 22 de novembro de 2009



                                                                                   
Há 100 000 anos, o Homo Sapiens esteve ameaçado de extinção. Estudo mostra como vivíamos nesse período.

Num mundo com mais de 6 bilhões de habitantes, em que se conquistaram padrões de bem-estar inéditos na história, fica difícil imaginar que o ser humano já esteve à beira da extinção. Aconteceu há cerca de 100 000 anos, quando a população de Homo sapiens se reduziu drasticamente, caindo de 30 000 pessoas para apenas 2 000. Todas viviam na África, berço de nossa espécie.

A redução da população se deu durante uma longa seca que se abateu sobre a África entre 135.000 e 90.000 anos atrás, transformando lagos e florestas em desertos e dizimando populações de caçadores- coletores pela fome. Caso esses 2.000 ancestrais do homem moderno não tivessem resistido às condições de penúria em que viviam, a humanidade teria sido riscada do mapa. Evidentemente, eles resistiram. Migraram da África para outros continentes e, através de diferentes mutações genéticas, se ramifi caram nas etnias que povoaram o mundo.

A gênese da espécie humana localizada na África e sua migração para outros continentes são hoje teses amplamente aceitas pela paleoantropologia. Pouco se sabe ainda, no entanto, sobre a vida de nossos ancestrais no período em que eles permaneceram na África. A ameaça de extinção pela grande seca é um dos episódios revelados recentemente por várias pesquisas.

Outros aspectos da vida do Homo sapiens antes da diáspora vieram à tona num estudo publicado na semana passada no American Journal of Human Genetics e conduzido pela National Geographic Society.

A pesquisa mostra que durante 100.000 anos ou seja, metade de sua existência o Homo sapiens viveu em pequenos grupos espalhados pela África, lutando contra as condições climáticas adversas. Esses grupos vagavam pelo território africano em busca de água e comida, cada vez mais escassas, até que a humanidade foi reduzida a 2.000 pessoas. Só após a grande seca amainar a população começou a aumentar.

Nessa época, havia 42 ramificações genéticas de Homo sapiens na África, das quais duas migraram para outros continentes e deram origem a todos os outros povos. Apenas 30.000 anos depois os povos que ficaram em território africano passaram a estabelecer contato entre si. "Diante das evidências históricas que sugerem condições climáticas difíceis, supomos que foi a busca por melhores locais para sobreviver que motivou as migrações do Homo sapiens", disse a VEJA Doron Behar, médico especialista em genética de populações do Rambam Medical Center, de Israel, coordenador do estudo da National Geographic.

Para chegar a essas conclusões, a pesquisa da National Geographic examinou amostras do DNA mitocondrial de 624 habitantes da África, em especial dos povos khoi e san, chamados de bosquímanos, que são ainda caçadores/coletores vivem como na era anterior do surgimento da agricultura. Os antropólogos consideram que eles sejam remanescentes de uma primeira divisão do Homo sapiens, ocorrida logo depois que a espécie se formou. O DNA mitocondrial tem se revelado um extraordinário instrumento para o estudo da evolução humana.

Ele é transmitido apenas pelas mulheres. Sua análise permite traçar uma árvore genealógica dos antepassados do sexo feminino até chegar ao primeiro ancestral em comum de diferentes grupos. O DNA mitocondrial também permite saber quando dois povos de mesma origem se separaram, para isso verificar a presença alterações na seqüência de letras que compõem o código genético. Como as mutações ocorrem em média a cada 5.000 anos, os cientistas conseguem calcular por quanto tempo dois povos de origem comum se mantiveram isolados avaliando o número de mutações em seu DNA mitocondrial.

É com esse tipo de análise que os pesquisadores podem estimar quando europeus, americanos e asiáticos se separaram geneticamente de seus antepassados africanos. "É como se fizéssemos uma viagem no tempo em que a máquina que nos transporta é a análise do DNA", diz o geneticista mineiro Sérgio Pena, especialista em genética de populações.

Cerca de 5.000 anos depois de alcançar a Europa, o Homo sapiens iniciaria uma nova e notável etapa em sua trajetória. Começou, então, a última era do gelo, na qual ele protagonizou uma revolução criativa e desenvolveu os conceitos de família, religião e convivência social. Mais uma vez a humanidade sofreu com os rigores do clima e com a escassez de comida, mas a adaptação às dificuldades resultou num salto à frente. O europeu primitivo, também chamado de homem de Cro-Magnon, passou a enterrar seus mortos com rituais e com objetos que usavam em vida.

Pela primeira vez essas sociedades sentiram a necessidade de estabelecer regras era preciso definir quem pertencia à família e com quem se compartilhavam os alimentos, quais objetos eram de uso coletivo e quais eram privados. Uma das evidências mais espetaculares da evolução do homem de Cro-Magnon sobre seus ancestrais é a invenção da arte. Pode-se apreciar o nascimento da pintura nos inúmeros desenhos feitos em cavernas.

Os mais célebres estão em Lascaux, no sul da França, que abriga mais de 600 imagens de cavalos, bisões e outros animais. Ao fim da era do gelo, há cerca de 11.000 anos, o Homo sapiens estava pronto para a grande aventura da civilização. Estudos como o divulgado na semana passada ajudam a reconstituir seus passos desde as origens, nas áridas terras africanas.

Autoras: Vanessa Vieira e Roberta de Abreu Lima

                                                           

                                             

Idade da Pedra


                                                                   
O termo Idade da Pedra é usado normalmente para referir-se ao estágio mais primitivo na evolução humana, caracterizado pelo uso de utensílios e armas de pedra, embora também fossem empregados objetos de osso e chifre. Esse espaço de tempo divide-se nos períodos Paleolítico, ou da pedra lascada, Mesolítico, e Neolítico, ou da pedra polida, que corresponde às fases em que os humanos usavam ferramentas criadas a partir da pedra, para servir como arma ou cortar qualquer coisa.

O Paleolítico, época mais remota da Idade da Pedra (dois milhões de anos atrás), corresponde à fase da cultura do homem em que este utilizava instrumentos de pedra lascada sem polimento, tais como os encontrados em diversos países europeus (principalmente na França, Bélgica, Itália, Espanha, Portugal e Grécia), consistindo de pontas de lança e de flecha, machados, etc. Nesse período, geralmente dividido em inferior, médio e superior, ele era essencialmente caçador, coletor e levava vida nômade, com exceção de alguns agrupamentos que se formavam em pontos determinados onde as condições de vida mostravam-se mais favoráveis. A arte caracterizava-se por figuras de animais e humanas, gravadas em osso ou chifre, ou nas paredes das cavernas habitadas pelo homem. Os processos de fabricação de objetos de pedra variaram consideravelmente no decorrer do paleolítico, sobretudo em sua parte final, quando se tornou comum o emprego de ossos, chifres e marfim, na confecção dos objetos.

Um dos alimentos fundamentais na Idade da Pedra era a carne assada no espeto ou cozida diretamente nas brasas ou, ainda, em pedra sobre braseiros. A julgar pelos vestígios encontrados nos lugares habitados pelos Homens da Pré-História, os sistemas de cozimento eram bastante sofisticados. Às vezes, a carne era cozida numa espécie de forno cavado na terra, no qual se colocava o alimento envolto na pele do animal ou em grandes folhas aromáticas; em torno, e sobre o buraco, punham-se as brasas. Os Homens da Idade da Pedra, porém, não se nutriam apenas de carne, mas também de diversos vegetais, cuja coleta era tarefa feminina. Alimentavam-se ainda de caramujos, caranguejos e moluscos do mar, provavelmente já considerados, naquela época, “petiscos gastronômicos”.

O mesolítico corresponde ao período médio da Idade da Pedra, sendo, por conseguinte, uma transição entre o paleolítico e o neolítico. Nos homens desse tempo predominavam os dolicocéfalos (que têm formato de crânio com largura inferior a três quartos do comprimento, e índice cefálico inferior a 75%) de baixa estatura (1,55m). Os exemplares braquicéfalos (são os que têm crânio de índice cefálico superior a 80, cuja cabeça, vista de cima, apresenta a forma de um ovo, porém mais curta, e arredondada posteriormente), aparecem em minoria e apresentam semelhança com os da Europa. Nesse intervalo aparecem rudimentos da indústria cerâmica, sendo sua decoração feita com motivos lineares. Vestígios de diversas culturas do período mesolítico foram encontrados em diversos países europeus, como França, Espanha, Portugal, Bélgica, Inglaterra e outros, mas quanto aos restos humanos encontrados na América do Sul, inclusive em Lagoa Santa, Brasil, sua cronologia é bastante duvidosa.

Quanto ao período neolítico, ele se caracteriza fundamentalmente pelo surgimento dos primeiros instrumentos de pedra polida, bem como da cerâmica, da agricultura e domesticação dos animais. Desenvolveu-se na Europa, segundo alguns, cerca de 5.000 a 2.000 a.C., e segundo outros, de 10.000 a 3.000 a.C., considerando-se como seu fim o período em que apareceram os primeiros objetos metálicos (Idade do Cobre e Bronze). Nesse intervalo de tempo ocorreram importantes transformações na evolução cultural do homem, que de nômade, ocupado quase que inteiramente com a caça, pesca e apanha de frutos selvagens, passou a ter vida cada vez mais sedentária, originando-se daí a agricultura. Essa fixação à terra foi acompanhada de uma transição para a exploração da propriedade privada, sendo o trigo um dos primeiros cereais cultivados pelo homem europeu, que para sua melhor conservação passou a torrá-lo e reduzi-lo a farinha. Com essa atividade surgiu a necessidade de armazenar os produtos conseguidos, pois a colheita era superior às necessidades do momento, o que acabou levando o homem à vida sedentária, fazendo-o abandonar o nomadismo.

Nesse período foram domesticados o cão, o boi, a cabra e a ovelha, enquanto a cerâmica, indústria incompatível com a vida nômade e que já havia aparecido ocasionalmente antes do neolítico, atingiu então um desenvolvimento notável. A arte tendeu para o abandono das representações realísticas, das quais se conhecem notáveis exemplos em algumas cavernas da Europa, e orientou-se freqüentemente para o campo da estilização abstrata, indicando grande preocupação com a disposição harmoniosa dos traços, com a simetria, etc. Para habitação, o homem continuou usando grutas e outros abrigos naturais, mas as cabanas, que já haviam aparecido no mesolítico, foram agrupadas, formando verdadeiros povoados. Erguiam-se às vezes no alto de morros de fácil defesa, mas surgiram também as habitações palustres, sobre estacas, abundantes especialmente na Suíça.

A arquitetura relacionada com os túmulos indica uma forma elevada de culto dos mortos, ou alguma outra modalidade desconhecida de práticas religiosas, resultando daí uma série de monumentos de pedra de grandes dimensões, conhecidos por megálitos. Aperfeiçoou-se consideravelmente a fabricação de objetos de pedra, assim como as indústrias de osso e chifre também tiveram grande desenvolvimento, aparecendo numerosos objetos feitos com esse material, inclusive muitos amuletos. O homem conheceu mesmo a tecelagem, ainda que primitiva.

 Fonte: Atlas da História Universal

A Arte na Pré-História

sábado, 21 de novembro de 2009




Consideramos como arte pré-histórica todas as manifestações que se desenvolveram antes do surgimento das primeiras civilizações e portanto antes da escrita. No entanto isso pressupõe uma grande variedade de produção, por povos diferentes, em locais diferentes, mas com algumas características comuns.

A primeira característica é o pragmatismo, ou seja, a arte produzida possuía uma utilidade, material, cotidiana ou mágico-religiosa: ferramentas, armas ou figuras que envolvem situações específicas, como a caça. Cabe lembrar que as cenas de caça representadas em cavernas não descreviam uma situação vivida pelo grupo, mas possuía um caráter mágico, preparando o grupo para essa tarefa que lhes garantiria a sobrevivência.

As manifestações artísticas mais antigas foram encontradas na Europa, em especial na Espanha, sul da França e sul da Itália e datam de aproximadamente de 25000a.C., portanto no período paleolítico. Na França encontramos o maior número de obras pré históricas e até hoje em bom estado de conservação, como as cavernas de Altamira, Lascaux e Castilho.


Arquitetura

Os grupos pré-históricos eram nômades e se deslocavam de acordo com a necessidade de obter alimentos. Durante o período neolítico essa situação sofreu mudanças, desenvolveram-se as primeiras formas de agricultura e consequentemente o grupo humano passou a se fixar por mais tempo em uma mesma região, mas ainda utilizavam-se de abrigos naturais ou fabricados

com fibras vegetais ao mesmo tempo em que passaram a construir monumentos de pedras colossais, que serviam de câmaras mortuárias ou de templos. Raras as construções que serviam de habitação.

Essa pedras pesavam mais de três toneladas, fato que requeria o trabalho de muitos homens e o conhecimento da alavanca.

Esses monumentos de pedras foram denominados "megalíticos" e podem ser classificados de: dólmens, galerias cobertas que possibilitavam o acesso a uma tumba; menires, que são grandes pedras cravadas no chão de forma vertical; e os cromlech, que são menires e dólmens organizados em círculo, sendo o mais famoso o de Stonehenge, na Inglaterra.

Também encontramos importantes monumentos megalíticos na Ilha de Malta e Carnac na França, todos eles com funções ritualisticas.


Escultura

A escultura foi responsável pela elaboração tanto de objetos religiosos quanto de utensílios domésticos, onde encontramos a temática predominante em toda a arte do período, animais e figuras humanas, principalmente figuras femininas, conhecidas como Vênus, caracterizadas pelos grandes seios e ancas largas, são associadas ao culto da fertilidade;

Entre as mais famosas estão a Vênus de Lespugne, encontrada na França, e a Vênus de Willendorf, encontrada na Áustria foram criadas principalmente em pedras calcárias, utilizando-se ferramentas de pedra pontiaguda.

 Durante o período neolítico europeu (5000aC - 3000dC) os grupos humanos já dominavam o fogo e passou a produção de peças de cerâmica, normalmente vasos, decorados com motivos geométricos em sua superfície; somente na idade do bronze a produção da cerâmica alcançou grande desenvolvimento, devido a utilização na armazenagem de água e alimentos.


Pintura

As principais manifestações da pintura pré-histórica são encontradas no interior de cavernas, em paredes de pedra e a princípio retratavam cenas envolvendo principalmente animais, homens e mulheres e caçadas, existindo ainda a pintura de símbolos, com significado ainda desconhecido. Essa fase inicial é marcada pela utilização predominantemente do preto e do vermelho e é considerada portanto como naturalista.

No período neolítico a pintura é utilizada como elemento decorativo e retratando as cenas do cotidiano. A qualidade das obras é superior, mostrando um maior grau de abstração e a utilização de outros instrumentos que não as mãos, como espátulas.

Por volta de 2000aC as características da pintura a apresentavam um nível próximo à de formas escritas, preservando porém seu caráter mágico ou religiosos, celebrando a fecundidade ou os objetos de adoração (totens).


Fonte: Site HistoriaNet

Zumbi dos Palmares, O Maior Ícone da Resistência Negra

sexta-feira, 20 de novembro de 2009


                                                                         
Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. A data - transformada em Dia Nacional da Consciência Negra pelo Movimento Negro Unificado em 1978 - não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695.

O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras.

Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do macaco, localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilombola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Palmares.

Alguns anos após a sua fundação,o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife.

O menino, batizado pelo padre com o nome de Francisco, foi criado e educado pelo religioso, que lhe ensinou a ler e escrever, além de lhe dar noções de latim, e o iniciar no estudo da Bíblia. Aos 12 anos o menino era coroinha. Entretanto, a população local não aprovava a atitude do pároco, que criava o negrinho como filho, e não como servo.

Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públicas. Por isso, quando completou 15 anos, o franzino Francisco fugiu e foi em busca do seu lugar de origem, o Quilombo dos Palmares.

Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. Com os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie de ministro de guerra nos dias de hoje.

Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta pela liberdade até o final de seus dias. Com o extermínio do Quilombo dos Palmares pela expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694, Zumbi fugiu junto a outros sobreviventes do massacre para a Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco.

Contudo, em 20 de novembro de 1695 Zumbi foi traído por um de seus principais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela revelação do esconderijo. Zumbi foi então torturado e capturado. Jorge Velho matou o rei Zumbi e o decapitou, levando sua cabeça até a praça do Carmo, na cidade de Recife, onde ficou exposta por anos seguidos até sua completa decomposição.

“Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for a tradução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior ícone da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos foram passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é contada com orgulho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou a liberdade.

Fonte: Unificado.Com.Br